Mente vagueia por uma estrada clara, deserta, paralelepípedos muito brancos e uma luz tão brilhante que não consigo ver a mais de quatro passos a frente. Descalça caminho, passo a passo, numa caminhada bem longa, tentando imaginar o que estará a minha espera, aonde essa estrada vai me levar, mas é somente caminhar e caminhar. Não canso, mas não descanso, não sei o que pensar, não tenho achismos, apenas caminho. O que vai acontecer quando a luz apagar? Esse sentimento em meu peito, uma agonia, um anseio, uma saudade, saudade de quem nunca vi; desejo de quem nunca senti o perfume, de quem nunca toquei. Estrada segue afora tão longa e ao mesmo tempo tão breve como se ele estivesse há um esticar de braço, como se eu o pudesse alcançar com a inocência de uma criança que se estica para alcançar o pescoço do pai e subir no seu colo, mal sabendo que depende do encurvar do pai. Tenho medo, muitas perguntas, muitos "porquês" e ninguém pra responder, continuo caminhando, passo a passo, sozinha, na estrada clara de paralelepípedos, pensando, imaginando, ansiando.
Elaine Albuquerque
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